quarta-feira, 31 de março de 2010

Calvino mostra em Cidades Invisíveis um império sem fim e sem forma, um domínio que se destrói e se reconstrói. São lugares que abrem, se bifurcam e nunca são iguais. Anastirma, Diomira, Dorotéia, Isaura, Maurília, Zaíra, Zenóbia e outras tantas.

Suas praças, ruas, vielas, pessoas gostos e cheiros que não podem ser representados totalmente no papel, ou na voz de Marco Pólo, o eterno estrangeiro."Se um viajante numa noite de inverno", publicado em 1979, é um dos mais elogiados romances de Calvino. Uma obra de ficção que empreende uma reflexão sobre a linguagem do romance, rastreando e ironizando as múltiplas direções da narrativa contemporânea. Em seu livro seguinte Palomar, publicado em 1983, Calvino afirma que "tudo aquilo que os modelos procuram modelar é sempre um sistema de poder; mas, se a eficácia do sistema se mede pela sua invulnerabilidade e capacidade de durar, o modelo se torna uma espécie de fortaleza cujas muralhas espessas ocultam aquilo que está fora".
Porquê ler os Clássicos
Italo Calvino

Comecemos com algumas propostas de definição.
Os clássicos são aqueles livros dos quais, em geral, se ouve dizer: "Estou relendo..." e nunca "Estou lendo...".
Isso acontece pelo menos com aquelas pessoas que se consideram "grandes leitores"; não vale para a juventude, idade em que o encontro com o mundo e com os clássicos como parte do mundo vale exatamente enquanto primeiro encontro.O prefixo reiterativo antes do verbo ler pode ser uma pequena hipocrisia por parte dos que se envergonham de admitir não ter lido um livro famoso. Para tranqüilizá-los, bastará observar que, por maiores que possam ser as leituras "de formação" de um indivíduo, resta sempre um número enorme de obras que ele não leu. Quem leu tudo de Heródoto e de Tucídides levante a mão. E de Saint-Simon? E do cardeal de Retz? E também os grandes ciclos romanescos do Oitocentos são mais citados do que lidos. Na França, se começa a ler Balzac na escola, e pelo número de edições em circulação, se diria que continuam a lê-lo mesmo depois. Mas na Itália, se fosse feita uma pesquisa, temo que Balzac apareceria nos últimos lugares. Os apaixonados por Dickens na Itália constituem uma restrita elite de pessoas que, quando se encontram, logo começam a falar de episódios e personagens como se fossem de amigos comuns. Faz alguns anos, Michel Butor, lecionando nos Estados Unidos, cansado de ouvir perguntas sobre Emile Zola, que jamais lera, decidiu ler todo o ciclo dos Rougon-Macquart. Descobriu que era totalmente diverso do que pensava: uma fabulosa genealogia mitológica e cosmogônica, que descreveu num belíssimo ensaio. Isso confirma que ler pela primeira vez um grande livro na idade madura é um prazer extraordinário: diferente (mas não se pode dizer maior ou menor) se comparado a uma leitura da juventude. A juventude comunica ao ato de ler como a qualquer outra experiência um sabor e uma importância particulares; ao passo que na maturidade apreciam-se (deveriam ser apreciados) muitos detalhes, níveis e significados a mais. Podemos tentar então esta outra fórmula de definição:
— Dizem-se clássicos aqueles livros que constituem uma riqueza para quem os tenha lido e amado; mas constituem uma riqueza não menor para quem se reserva a sorte de lê-los pela primeira vez nas melhores condições para apreciá-los.
De fato, as leituras da juventude podem ser pouco profícuas pela impaciência, distração, inexperiência das instruções para o uso, inexperiência da vida. Podem ser (talvez ao mesmo tempo) formativas no sentido de que dão uma forma às experiências futuras, fornecendo modelos, recipientes, termos de comparação, esquemas de classificação, escalas de valores, paradigmas de beleza: todas, coisas que continuam a valer mesmo que nos recordemos pouco ou nada do livro lido na juventude. Relendo o livro na idade madura, acontece reencontrar aquelas constantes que já fazem parte de nossos mecanismos interiores e cuja origem havíamos esquecido. Existe uma força particular da obra que consegue fazer-se esquecer enquanto tal, mas que deixa sua semente. A definição que dela podemos dar então será:
— Os clássicos são livros que exercem uma influência particular quando se impõem como inesquecíveis e também quando se ocultam nas dobras da memória, mimetizando-se como inconsciente coletivo ou individual.
Por isso, deveria existir um tempo na vida adulta dedicado revisitar as leituras mais importantes da juventude. Se os livros permaneceram os mesmos (mas também eles mudam, à luz de uma perspectiva histórica diferente) nós com certeza mudamos, e o encontro é um acontecimento totalmente novo. Portanto, usar o verbo ler ou o verbo reler não tem muita importância. De fato, poderíamos dizer:
— Toda releitura de um clássico é uma leitura de descoberta como a primeira.
— Toda primeira leitura de um clássico é na realidade uma releitura.
A definição 4 pode ser considerada corolário desta:
— Um clássico é um livro que nunca terminou de dizer aquilo que tinha para dizer.
Ao passo que a definição 5 remete para uma formulação mais explicativa, como:
— Os clássicos são aqueles livros que chegam até nós trazendo consigo as marcas das leituras que precederam a nossa e atrás de si os traços que deixaram na cultura ou nas culturas que atravessaram (ou mais simplesmente na linguagem ou nos costumes).
Isso vale tanto para os clássicos antigos quanto para os modernos. Se leio a Odisséia, leio o texto de Homero, mas não posso esquecer tudo aquilo que as aventuras de Ulisses passaram a significar durante os séculos e não posso deixar de perguntar-me se tais significados estavam implícitos no texto ou se são incrustações, deformações ou dilatações. Lendo Kafka, não posso deixar de comprovar ou de rechaçar a legitimidade do adjetivo kafkiano, que costumamos ouvir a cada quinze minutos, aplicado dentro e fora de contexto. Se leio Pais e filhos de Turgueniev ou Os possuídos de Dostoievski não posso deixar de pensar em como essas personagens continuaram a reencarnar-se até nossos dias.
A leitura de um clássico deve oferecer-nos alguma surpresa em relação à imagem que dele tínhamos. Por isso, nunca será demais recomendar a leitura direta dos textos originais, evitando o mais possível bibliografia crítica, comentários, interpretações. A escola e a universidade deveriam servir para fazer entender que nenhum livro que fala de outro livro diz mais sobre o livro em questão; mas fazem de tudo para que se acredite no contrário. Existe uma inversão de valores muito difundida segundo a qual a introdução, o instrumental crítico, a bibliografia são usados como cortina de fumaça para esconder aquilo que o texto tem a dizer e que só pode dizer se o deixarmos falar sem intermediários que pretendam saber mais do que ele. Podemos concluir que:
— Um clássico é uma obra que provoca incessantemente uma nuvem de discursos críticos sobre si, mas continuamente as repele para longe.
O clássico não necessariamente nos ensina algo que não sabíamos; às vezes descobrimos nele algo que sempre soubéramos (ou acreditávamos saber) mas desconhecíamos que ele o dissera primeiro (ou que de algum modo se liga a ele de maneira particular). E mesmo esta é uma surpresa que dá muita satisfação, como sempre dá a descoberta de uma origem, de uma relação, de uma pertinência. De tudo isso poderíamos derivar uma definição do tipo:
— Os clássicos são livros que, quanto mais pensamos conhecer por ouvir dizer, quando são lidos de fato mais se revelam novos, inesperados, inéditos.
Naturalmente isso ocorre quando um clássico "funciona" como tal, isto é, estabelece uma relação pessoal com quem o lê. Se a centelha não se dá, nada feito: os clássicos não são lidos por dever ou por respeito mas só por amor. Exceto na escola: a escola deve fazer com que você conheça bem ou mal um certo número de clássicos dentre os quais (ou em relação aos quais) você poderá depois reconhecer os "seus" clássicos. A escola é obrigada a dar-lhe instrumentos para efetuar uma opção: mas as escolhas que contam são aquelas que ocorrem fora e depois de cada escola.
É só nas leituras desinteressadas que pode acontecer deparar-se com aquele que se torna o "seu" livro. Conheço um excelente historiador da arte, homem de inúmeras leituras e que, dentre todos os livros, concentrou sua preferência mais profunda no Documentos de Pickwick e a propósito de tudo cita passagens provocantes do livro de Dickens e associa cada fato da vida com episódios pickwickianos. Pouco a pouco ele próprio, o universo, a verdadeira filosofia tomaram a forma do Documento de Pickwick numa identificação absoluta. Por esta via, chegamos a uma idéia de clássico muito elevada e exigente:
— Chama-se de clássico um livro que se configura como equivalente do universo, à semelhança dos antigos talismãs.
Com esta definição nos aproximamos da idéia de livro total, como sonhava Mallarmé. Mas um clássico pode estabelecer uma relação igualmente forte de oposição, de antítese. Tudo aquilo que Jean Jacques Rousseau pensa e faz me agrada, mas tudo me inspira um irresistível desejo de contradizê-lo, de criticá-lo, de brigar com ele. Aí pesa a sua antipatia particular num plano temperamental, mas por isso seria melhor que o deixasse de lado; contudo não posso deixar de incluí-lo entre os meus autores. Direi portanto:
— O "seu" clássico é aquele que não pode ser-lhe indiferente e que serve para definir a você próprio em relação e talvez em contraste com ele.
Creio não ter necessidade de justificar-me se uso o termo clássico sem fazer distinções de antiguidade, de estilo, de autoridade. (Para a história de todas essas acepções do termo, consulte-se o exaustivo verbete "Clássico" de Franco Fortini na Enciclopédia Einaudi, vol. III). Aquilo que distingue o clássico no discurso que estou fazendo talvez seja só um efeito de ressonância que vale tanto para uma obra antiga quanto para uma moderna mas já com um lugar próprio numa continuidade cultural. Poderíamos dizer:
— Um clássico é um livro que vem antes de outros clássicos; mas quem leu antes os outros e depois lê aquele, reconhece logo o seu lugar na genealogia.
A esta altura, não posso mais adiar o problema decisivo de como relacionar a leitura dos clássicos com todas as outras leituras que não sejam clássicas. Problema que se articula com perguntas como: "Por que ler os clássicos em vez de concentrar-nos em leituras que nos façam entender mais a fundo o nosso tempo?" e "Onde encontrar o tempo e a comodidade da mente para ler clássicos, esmagados que somos pela avalanche de papel impresso da atualidade?". É claro que se pode formular a hipótese de uma pessoa feliz que dedique o "tempo-leitura" de seus dias exclusivamente a ler Lucrécio, Luciano, Montaigne, Erasmo, Quevedo, Marlowe, o Discours de la méthode, Wilhelm Meister, Coleridge, Ruskin, Proust e Valéry, com algumas divagações para Murasaki ou para as sagas islandesas. Tudo isso sem ter de fazer resenhas do último livro lançado nem publicações para o concurso de cátedra e nem trabalhos editoriais sob contrato com prazos impossíveis. Essa pessoa bem-aventurada, para manter sua dieta sem nenhuma contaminação, deveria abster-se de ler os jornais, não se deixar tentar nunca pelo último romance nem pela última pesquisa sociológica. Seria preciso verificar quanto um rigor semelhante poderia ser justo e profícuo. O dia de hoje pode ser banal e mortificante, mas é sempre um ponto em que nos situamos para olhar para a frente ou para trás. Para poder ler os clássicos, temos de definir "de onde" eles estão sendo lidos, caso contrário tanto o livro quanto o leitor se perdem numa nuvem atemporal. Assim, o rendimento máximo da leitura dos clássicos advém para aquele que sabe alterná-la com a leitura de atualidades numa sábia dosagem. E isso não presume necessariamente uma equilibrada calma interior: pode ser também o fruto de um nervosismo impaciente, de uma insatisfação trepidante.
Talvez o ideal fosse captar a atualidade como o rumor do lado de fora da janela, que nos adverte dos engarrafamentos do trânsito e das mudanças do tempo, enquanto acompanhamos o discurso dos clássicos, que soa claro e articulado no interior da casa. Mas já é suficiente que a maioria perceba a presença dos clássicos como um reboar distante, fora do espaço invadido pelas atualidades como pela televisão a todo volume. Acrescentemos então:
— É clássico aquilo que tende a relegar as atualidades à posição de barulho de fundo, mas ao mesmo tempo não pode prescindir desse barulho de fundo.
— É clássico aquilo que persiste como rumor mesmo onde predomina a atualidade mais incompatível.
Resta o fato de que ler os clássicos parece estar em contradição com nosso ritmo de vida, que não conhece os tempos longos, o respiro do otium humanista; e também em contradição com o ecletismo da nossa cultura, que jamais saberia redigir um catálogo do classicismo que nos interessa.
Eram as condições que se realizavam plenamente para Leopardi, dada a sua vida no solar paterno, o culto da antiguidade grega e latina e a formidável biblioteca doada pelo pai Monaldo, incluindo a literatura italiana completa, mais a francesa, com exclusão dos romances e em geral das novidades editoriais, relegadas no máximo a um papel secundário, para conforto da irmã ("o teu Stendhal", escrevia a Paolina). Mesmo suas enormes curiosidades científicas e históricas, Giacomo as satisfazia com textos que não eram nunca demasiado up-to-date: os costumes dos pássaros de Buffon, as múmias de Federico Ruysch em Fontenelle, a viagem de Colombo em Robertson. Hoje, uma educação clássica como a do jovem Leopardi é impensável, e sobretudo a biblioteca do conde Monaldo explodiu.
Os velhos títulos foram dizimados, mas os novos se multiplicaram, proliferando em todas as literaturas e culturas modernas. Só nos resta inventar para cada um de nós uma biblioteca ideal de nossos clássicos; e diria que ela deveria incluir uma metade de livros que já lemos e que contaram para nós, e outra de livros que pretendemos ler e pressupomos possam vir a contar. Separando uma seção a ser preenchida pelas surpresas, as descobertas ocasionais.
Verifico que Leopardi é o único nome da literatura italiana que citei. Efeito da explosão da biblioteca. Agora deveria reescrever todo o artigo, deixando bem claro que os clássicos servem para entender quem somos e aonde chegamos e por isso os italianos são indispensáveis justamente para serem confrontados com os estrangeiros, e os estrangeiros são indispensáveis exatamente para serem confrontados com os italianos. Depois deveria reescrevê-lo ainda uma vez para que não se pense que os clássicos devem ser lidos porque "servem" para qualquer coisa. A única razão que se pode apresentar é que ler os clássicos é melhor do que não ler os clássicos.
E se alguém objetar que não vale a pena tanto esforço, citarei Cioran (não um clássico, pelo menos por enquanto, mas um pensador contemporâneo que só agora começa a ser traduzido na Itália): "Enquanto era preparada a cicuta, Sócrates estava aprendendo uma ária com a flauta. "Para que lhe servirá?", perguntaram-lhe. "Para aprender esta ária antes de morrer".
Ocorreu, no dia 25, mais um encontro do projeto “Abraçando a Biblioteca Escolar” da Prefeitura e Secretaria Municipal de Educação reunindo as bibliotecárias das escolas da rede municipal de ensino. Dando continuidade ao projeto sob a coordenação dos professores de literatura Roberta Flores Pedroso e Kim Amaral foi discutida a importância de incentivar a leitura. “A leitura vem acontecendo nas escolas, mas enquanto professores do Ensino Fundamental, lidamos com um problema, tão grave quanto o analfabetismo: a falta do hábito de leitura, especialmente em leitores capazes que preferem não ler”, explica a prof. Roberta Pedroso

segunda-feira, 22 de março de 2010

Iº Encontro em 2010- Retorno

Olá Colegas, nesta quinta-feira, 25 demarço. às 14h no Auditório Zilda Maria Azambuja,será realizado o primeiro econtro dos colegas do projeto ABRAÇANDO A BIBLIOTECA ESCOLAR.
Aguardamos os colegas com um grande abraço literário

Biblioteca

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A primeira ciranda da leitura da escola municipal de educação infantil mimosa se realiza num momento de celebração de uma importante conquista desta escola, a inauguração da biblioteca Visconde de Sabugosa, primeira biblioteca da educação infantil do município.
A ciranda da leitura, realizada no dia de hoje, é uma atividade que concretiza o desejo de fortalecer o trabalho com a leitura, e de fomentar, desde a primeira idade, o gosto e a importância do estudo, do livro, e da escola na vida das crianças. O trabalho, organizado em forma de circuito de atividades, conta com a dedicação e empenho de parceiros e professores da rede, que, juntamente com o grupo do Projeto Abraçando a Biblioteca Escolar, implementaram a biblioteca e organizaram este evento.
Muito mais importante do que o número de livros ou de que o espaço físico destinado à biblioteca, é o papel que ela exerce dentro da escola como elemento indispensável na formação dos alunos, como centro de cultura e ponto irradiador de conhecimento. Uma biblioteca se afirma enquanto tal menos pela sua característica de depositária de livros e mais pela dinâmica de trabalho que ela estabelece entre os seus usuários. De nada adianta uma biblioteca repleta de materiais e vazia de gente. Mais do que livros em estantes, queremos livros nas mãos dos alunos, dos professores, dos pais e da comunidade.
O dia de hoje, 12 de março, inauguração desta biblioteca, coincide com o dia do bibliotecário, profissional de suma importância para a organização e funcionamento das bibliotecas. Estendemos o nosso abraço a todos esses profissionais.
Agradecemos aos parceiros que, ao lado do Projeto abraçando a biblioteca escolar, realizado pela da Secretaria Municipal de Educação, e da Escola Mimosa, deram forma ao desejo desta comunidade de implantar a sua biblioteca. Agradecemos ao Banco Itaú, representado pelo Sr. Pacheco, gerente a agência Camaquã, pela demonstração de compromisso com a educação e consciência do papel da leitura na transformação do mundo, pela parceira firmada, à Livraria São Paulo, que se dispôs a participar somente na crença de que ações como essa são o caminho para uma nova educação; e a AFUBRA, pela acolhida incondicional às nossas crianças.
Prof. Kim Amaral

terça-feira, 16 de março de 2010

Programação da Iª Ciranda da Leitura

Solenidade

INAUGURAÇÃO DE BIBLIOTECA 'VISCONDE DE SABUGOSA"

Dia 12 de março de 2010, a Escola de Educação Infantil Mimosa, inaugurou a Biblioteca "Visconde de Sabugosa" doada pelo Itaú Cultural, agência Camaquã, na pessoa do gerente Edivelson Pacheco.
Tu que dormes, espírito sereno,
Posto à sombra dos cedros seculares,
Como um levita à sombra dos altares,
Longe da luta e do fragor terreno.

Acorda! É tempo! O sol, já alto e pleno
Afugentou as larvas tumulares...
Para surgir do seio desses mares
Um mundo novo espera só um aceno...

Escuta! É a grande voz das multidões!
São teus irmãos, que se erguem! São canções...
Mas de guerra... e são vozes de rebate!

Ergue-te, pois, soldado do Futuro,
E dos raios de luz do sonho puro,
Sonhador, faze espada de combate!

A UM POETA-ANTERO DE QUENTAL

A produção poética de Antero de Quental está intimamente ligada a sua vida. Isso pode ser percebido claramente no livro "Sonetos", organizado pelo crítico literário Antônio Sérgio em oito partes. Na primeira delas, "da expressão lírica do amor-paixão", vemos um poeta lírico que segue as regras da escola Romântica; na segunda parte, "do apostolado social", vemos uma poesia revolucionária, voltada para o momento histórico da época e com uma nítida preocupação social; as outras seis partes ("do pensamento pessimista", "do desejo de evasão", "da morte", "do pensamento em Deus", "da metafísica" e "da voz interior e do amor puro, sempiterno") referem-se ao período em que ele retorna para Punta Delgada é atacado pela estranha doença. Nas quatro últimas partes há ainda o predomínio dos temas metafísicos.

Ano letivo 2010

Caros Colegas estamos retornando nossas atividades literárias.Aí vai um pequeno conto de verão.
A RESPOSTA
Ao entrar na sala, naquela manhã ensolarada, sentia-se forte diante das lembranças que se apresentavam claras e límpidas, como se acontecido em um passado recente.
Completara 14 anos, cabelos presos, único penteado possível. Corpo contornado, próprio da idade. Ainda não se olhava como mulher, o que não impedia aos outros fazê-lo. Com o bater da porta percebeu quem estaria ali sentado ao seu lado, desejando-a com a mesma força que há vinte anos fazia.
Novamente ausentou-se do presente, ainda sentia o mesmo frio na barriga quando ao sair da escola com a certeza de que o encontraria no caminho, o que era sagrado. E a levaria para casa.Fosse isto!. O movimento dos carros sacudia a velha Belina verde, no mesmo lugar, na mesma cena, como de costume.
Primeiro a euforia, depois a tristeza da despedida, não entendia porque eram só aqueles momentos. O tempo foi. A história ficou.Agora,, senhora de si, compreendia. Sentou-se ao lado dele e comentou o privilégio de não ficar vermelha no verão. Encostou o braço junto ao dele e ali estava a resposta.
Começava a apresentação dos novos professores